A nova tendência no mundo dos procedimentos estéticos é a cirurgia para mudança da cor dos olhos, que vem sendo popularizada nas redes sociais. Essa “novidade” pode parecer inofensiva, mas representa um risco elevado para a saúde ocular, e traz danos irreversíveis. É o que alerta a oftalmologista pioneira em tatuagem ocular em Pernambuco, Manuela Tenório Cardoso.

No Brasil, o procedimento é proibido para fins estéticos, por motivos relacionados aos perigos consequentes da cirurgia. “Não é como trocar uma prótese de mama por arrependimento. Não há volta. É uma decisão definitiva e com riscos futuros ainda desconhecidos”, alerta a especialista.

Segundo a médica, a cirurgia só é indicada em casos muito específicos: quando o paciente já perdeu a visão e a cor natural da córnea, o que justifica o uso da técnica como alternativa terapêutica, sendo uma forma de restaurar a aparência e, em muitos casos, a autoestima.

A estética que ultrapassa os limites da medicina

A influenciadora Andressa Urach, 37 anos, que soma mais de cinco milhões de seguidores nas redes sociais, realizou, na última semana de junho, realizou o procedimento de mudança de cor dos olhos. Ela publicou que era um “sonho de infância”. Após se submeter à cirurgia fora do país, ela compartilhou com os fãs que estava sentindo muita dor.

“Ela sequer sabia a que procedimento havia sido submetida e não seguiu nenhuma orientação no pós-operatório”, comenta Manuela, que enfatiza que a falta de cuidados pode agravar os sintomas e aumentar os riscos.

Entre as complicações mais comuns logo após a cirurgia estão vermelhidão ocular, dor, inflamação, alergia aos pigmentos, além de maior dificuldade para exames oftalmológicos e até futuras cirurgias, como a de catarata.

O pigmento inserido na córnea pode impedir a visibilidade necessária para intervenções ou diagnósticos de rotina. E o arrependimento, tão comum em procedimentos estéticos, nesse caso é praticamente inútil. “O procedimento para mudar a cor dos olhos é irreversível até então”, explica a médica.